Olhei pela janela
Olhei pela janela
E vi miséria, podridão,
Vi egoísmo e vaidade;
Senti-me pálido.
Olhei pela janela,
E vi gente miserável,
Vi crianças famintas,
De pão e de amor,
Pedindo esmola e amparo.
Olhei pela janela
E vi bondades fingidas
Ajudando para receber.
Vi caras risonhas
De risos amarelos.
Olhei pela janela;
Senti-me mal e gritei!
Gritei de medo e cansaço,
Gritei, gritei e tornei a gritar!
Olhei pela janela
E vi pés descalços,
Na chuva e no frio,
Vi ódios e mentiras,
Em cabeças bem penteadas,
Em almas confessadas.
Vi trapos esfarrapados,
Vi ossos sem carne,
Vi bocas sangrando.
Olhei pela janela
E vi névoas, nevoeiros,
E senti o cheiro do mal.
Olhei pela janela.
Gritei, gritei
E fechei-a com estrondo !